RÁDIO: FALTA CONTEÚDO

A primeira vez que ouvi falar do Rádio Digital foi há 10 anos. Imaginei que tudo fosse uma maravilha e não entendia a razão de ainda não estar no ar esta nova tecnologia que colocará o rádio no mundo digital, enfim.Hoje ainda não sabemos qual padrão seguir. O americano (IBOC) parece ser o mais caro, pois exige o pagamento de royalties à empresa que desenvolveu este processo. O padrão Europeu (DAB) e o japonês (ISDB) possuem características positivas e negativas aqui no Brasil. Um conta com novos transmissores caríssimos, outro com a mudança de receptores (vamos pagar a conta?) O certo é: ainda estamos engatinhando.A saída pode ser o Rádio via satélite. Engano nosso. Além de ter que desembolsar uma quantia mensal, ainda não possuímos satélites para este fim. Na Europa a coisa está indo bem. Nos Estados Unidos onde a aceitação é ótima, as empresas estão se saindo mal na administração. No ano passado as maiores do setor se associaram para sair da crise. Devem milhões de dólares (mesmo com 20 milhões de assinaturas).Podemos então pensar no celular como transmissor. Outro engano. Muito caro. Então a solução pode estar nas rádios que são transmitidas pela TV, como SKY e Net digital. As emissoras não gostam deste sistema e não produzem conteúdo diferenciado para este tipo de transmissão. O brasileiro não liga TV para ouvir rádio! A solução pode estar na internet. Acredito nisso. Mas não pode uma emissora web querer falar da mesma forma que uma rádio tradicional. Deve ter ousadia e inovação. O mais importante na internet é a segmentação.Ainda acho que a culpa está nas mãos da maioria dos gestores de rádio. Os que ainda acreditam na passividade do ouvinte, estão fadados ao declínio. O ouvinte quer ser ouvido também. Dar opinião, discordar. Uma via de mão dupla como é o sistema digital. Em contra partida, os que já sabem disso (os MBAs da vida), não sabem nada da essência do rádio, entendem de teoria e pesquisa.O que percebo é a tecnologia avançando e o nosso rádio perdendo fôlego. Esta mesma tecnologia que não prestigia o ouvinte do radinho de pilha. Nem por isso ele é infeliz.Não importa a plataforma usada para transmissão. Falta criatividade, inovação, falta gente com sangue de radialista para mudar este jogo.Muitas emissoras importantes estão mal gerenciadas. A área de marketing (ou administração) não pode assumir a gestão de emissora. Não conhece a característica do rádio. Acredito também que profissionais de produção ou programação, que conhecem o meio onde vivem, não se desenvolvem com as novas armas de divulgação e marketing. Achar o ideal é um trabalho árduo.Falta gente no rádio. Falta coração. Sobra tecnologia. Contratar é caro. Os impostos são altos e a tecnologia está cada vez mais barata. Se pensarmos nisso será o mesmo que dizer: Temos qualidade, mas não conteúdo.