sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Entrei para uma grande família: a dos diabéticos

Antunes Ferreira


Hoje, entrei para uma grande família: a dos diabéticos. Sabem que sempre fui muito doce e portanto a análise, tal como o algodão do anúncio, não mente. Ontem, uma picadela no dedo e zás – 266 mg/dL, o que provocou o cenho carregadíssimo do clínico. Hoje, em jejum – ao que um homem se sujeita – 207 mg/dL. Daí que esteja incluído na diabetes mellitus tipo 2. Não é qualquer coisa.



Resultado: um ameaço de execução imediata, sem dó, nem piedade, se não cumprir escrupulosamente os ditames, ou seja, não comer nada. Ou quase. Um regime de alto lá com o charuto. Doces, nem pó. Recebi, além do diagnóstico, dois folhetos primorosamente ilustrados em policromia perfeita, onde o estilo impositivo é norma.



A picadela fatal



 Logo de entrada, o primeiro e assustador panfleto reza que «a diabetes é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em transformar toda a glicose proveniente dos alimentos. À quantidade de glicose no sangue chama-se glicemia e quando esta aumenta diz-se que o doente está com hiperglicemia».



E, a seguir, informação estatística. Oito por cento da população mundial, isto é mais ou menos 280 milhões de cidadãos, é portadora da bendita doença. Já em Portugal, somos um pouco mais: doze por cento. Ou seja, quase um milhão, mais coisa, menos coisa. No entanto, em alguma coisa não seríamos os últimos, há que o reconhecer. O Ruanda nem sabe quantos tem, o Burundi, muito menos e do Bangladesh é melhor não falar. Uma grande família, por conseguinte.



Como prenda de aniversário, intermédia, isto é, a meio da passada segunda-feira e do próximo sábado, não é grande espingarda, mas é o que se pôde arranjar. Enfim, nada que um bom forno crematório não possa solucionar. Daqui a uns bons anos, porque lá diz o Povo que morrer e pagar, quanto mais longe melhor.

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